UMA VIAGEM AO VALE DAS ALMAS PERDIDAS EM BUSCA DE SEXO
Antes de dormir já me sinto agitado, posso dizer até excitado, como não tenho o controle do que vai acontecer nem desconfiava a noite que tinha pela frente. Depois de incorporar meu lado assassino, o que poderia vir? Nessa noite vou fazer UMA VIAGEM AO VALE DAS ALMAS PERDIDAS EM BUSCA DE SEXO.
Quando me dou por conta já estou em uma floresta, não é um lugar tão feio quanto a outra vez, mas nada de espetacular, uma mata comum. Espetacular é quem ia aparecer e dizer: sabia que voltarias, estou aqui para te servir, o que mandas hoje? Senhoras e senhores em minha frente estava uma deusa da beleza indescritível, morena de olhos claros, seus cabelos pareciam uma seda, vestida com um vestido transparente deixando a minúscula roupa de baixo a mostra, e calçava um sapato de salto alto que parecia de vidro.
Fiquei completamente fora de mim, como todos sabemos encarnados somos maquinas de preservação da espécie, ali era o que eu sentia, precisava fazer sexo para acalmar a tensão ou tesão criado por aquele ser ou espécime magnífico. Simples assim: com sexo calmo, sem sexo angustiado. É só escolher. Confesso que não agüentei, acabei tendo um orgasmo no meu corpo físico, assim terminando minha vivencia frustrante duplamente, pois não consegui consumar nada com ela, e acordei sabendo que tinha falhado no que tinha proposto meu orientador espiritual. Vamos esperar uma nova chance.
Segunda-feira 12 de abril 2010, outra noite no mundo sexual, essa mais longa e complexa, mas não ainda definitiva. Volto à mesma clareira sabendo que vou me encontrar com minha “deusa pagã”, dessa vez como sei o que encontrarei tento manter a calma e o cérebro no lugar certo, hoje ele não pode descer (heheheheh). Ela aparece deslumbrante, e antes de qualquer coisa pergunto seu nome para dar um fôlego, pois estou novamente muito excitado. A resposta foi: pode ser Madalena, se gostares. Por ato reflexo eu respondi: Madalena não, esse nome tem haver com a bíblia, e não é momento de pensar nas escrituras sagradas.
— Bobinho tudo que é proibido ou profano é mais gostoso, já te esqueceu como brincávamos.
— Acho que esqueci, e para nosso bem é melhor não lembrar, se não consigo ficar. Nesse momento o esforço é enorme para ficar consciente. A única saída foi chorar, quando choro minha deslumbrante companheira muda o tom, aparece a “Grande Mãe” e diz:
— Não chores filho tudo vai ficar bem.
Metamorfose, a devassa e sedutora passa a ser um ser amoroso, protetor, poderoso e dedicado ao meu bem-estar. De Madalena a Imaculada Maria. A grande contradição sexual fica clara em minha frente, dois extremos e uma criança perdida no meio. Acordei com uma sensação forte e estranha, desculpem os conservadores e preconceituosos, mas vou ter que contar: “como seria bom transar com minha Mãe”. Como seria bom esse “ser supremo” ser meu por completo. Isso não é uma ode ao complexo de Édipo, é uma vivência emocional profunda, para mim foi a definitiva acolhida de minha “criança interior”, completa, com suas inseguranças primarias e desejo sexual latente. Freud nesse ponto tinha razão, tudo está lá para nos assombrar, sabendo interpretar tudo pode se tranquilizar, nossa criança interior pode ser um aliado quando aceita e bem entendida, Ela não nem boa nem má, é só um mistério a ser desvendado.
Terça-feira 13 de abril 2010, dessa vez fomos ver doenças, pessoas viciadas e perdidas. O mundo dos desejos que não se podem controlar. Ainda tentei ter uma conversa decente com a “Madalena” ou “Imaculada Maria”, mas não consegui, ficou para outra oportunidade, com certeza sexo é um assunto complexo.
Não venci por completo minha excitação, ela é o ser mais maravilhoso que já vi ou senti, é muito difícil controlar desejos tão fortes e profundos. Nessa noite andamos por lugares obscuros e malditos, a natureza é pura, precisamos manter a vida. Em cima dessa linha começa aparecer o “interesse pessoal” pelo prazer, daí para frente tudo é distorcido, maculado, profanado, encontrei todas as boas intenções que estão morando há milênios no Inferno. Justificavas das mais diversas para acontecimentos não naturais, só explicáveis pelo exercício do livre-arbítrio. A visão é impressionante um mar de almas derrotadas.
Estou na fronteira entre sexo e boas intenções, intersecção complicada e complexa onde tudo se funde e confunde em nossa mente. O que sinto é uma grande ópera sexual de instabilidade, angústia e ressentimento. Movimento, fome, prazer, sentimentos insaciáveis, em contra ponto ao desejo de iluminação e paz, parece um ambiente inconciliável, luta eterna com contradições não resolvidas. Ação e reação, realização de desejo e remorso, um círculo vicioso sem fim e controle.
Posso dizer que olhei de frente o poder sombrio do sexo, e não consegui enxergar a possibilidade dele estar desvinculado da culpa. Meus sentimentos limitados me levaram a ponto de intersecção entre o homem e a natureza, onde a moralidade e boas intenções caem diante os impulsos primitivos. Onde fantasmas estão de tocaia esperando um descuido para entrar em ação, um lugar além dos confins, amaldiçoado e encantado ao mesmo tempo. No meio desse furacão acordo muito excitado e angustiado. Sem conclusões só constatações.
Quarta-feira 14 de abril 2010, já estou na quarta noite envolvido com sexo. Nessa noite existe arrependimento, remorso e culpa. Madalena ou Maria, não esta tão bonita e sensual como antes, acho que poderemos afinal conversar. Sinto-me confortável o bastante para interagir de forma espontânea e receptiva. Então pergunto: como está minha querida?
— Não sei esses últimos dias abriram muitos questionamentos.
— Será que posso te ajudar de alguma forma.
— Pode dizer-me o que fazer com toda essa culpa e remorso.
— Quem sou eu para te dar conselhos, só posso de dar de volta tudo que sempre me destes, amor, carinho, e a certeza de saber de meu eterno sentimento de gratidão.
Com essas palavras nós dois começamos a chorar compulsivamente, acordei chorando com um grande sentimento de dever cumprido, de não ter capitulado as tentações, e conseguido entender as forças sexuais de forma mais ampla e fraterna.
É lógico que poderia escrever muito mais, afinal foram quatro noites muito intensas, mas esse resumo fez-me refletir como temos que aprender sobre nós mesmos ainda. Espero sinceramente que esse texto consiga tocar o coração de todos que lerem para pensar sobre seus tabus sexuais, e ajudar a ter certeza que tudo tem solução através do sincero desejo de entendimento de cada situação.
Amo todos vocês, LUIS.
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