O que fizemos por nós morre conosco, o que fizemos pelos outros é imortal. Uma questão de interpretação.
Quarta-feira 21 de abril de 2010 —
Realmente passo o período mais fértil e produtivo em termos espirituais de minha atual existência. Tenho enfrentado situações em vivências noturnas com uma frequência e consciência nunca imaginadas por mim. Tenho relatado as que consigo ficar mais consciente, mas têm outras em que não controlo minha psique e se perdem na memória noturna. Realmente, enquanto dormimos, continuamos a pensar e agir de forma inconsciente para o corpo. É como estar em outra dimensão. Confesso que hoje estou um pouco cansado, não o corpo, mas como diz o poeta: “são tantas emoções”.
Dessa vez fui levado novamente à beira do lago de águas borbulhantes onde encontrei Isaias, aquele desafeto que me acusou do assassinato de sua filha. Lembram? Quando me dei por conta onde estava pensei: “aí vem merda de novo!”. Dito e feito, em poucos momentos começaram a chegar alguns “maus encarados” todos me olhando com certo respeito, suas roupas pareciam de combate, alguns carregavam escudos, machados, espadas, facas e outros utensílios militares pelo que notei. Foram formando um semicírculo em minha volta, estávamos mais ou menos em quinze presentes. Perguntei: porque estamos aqui? O mais forte e sujo dá um passo à frente e responde: viemos aqui para saber o que deu errado? Por que tu nos abandonaste? Demos a vida por ti e agora o que será de nós? E nossas famílias, nossas posses, como estão? Surgiu um monte de perguntas sem nexo, de todos os lados, me senti intimidado, pressionado, não tinha aquelas respostas. Entrei em alerta, e pensei: Luis, fé! Não perde o controle, tudo vai dar certo, controla a situação. Mais uma luta mental para não voltar ao corpo físico.
Quando tudo parecia perdido — pois comecei perder o controle das minhas emoções, e todos sabem quando perco, ele volta imediatamente para o corpo —, A VOZ atrás de mim diz: “calma senhores, somos todos do mesmo lado, nosso trato era para receber explicações”. Quando escrevo ainda sinto a forte emoção passada pela VOZ, vou chamar assim, pois não sei de quem era. Consegui ficar sereno com essa interferência, e o ambiente também se acalmou sobre o entendimento transmitido. Notei que todos eram leais a princípios militares e acordos de sangue ou palavra. Tudo assassino “gente boa”, a primeira contradição, de muitas dessa vivência.
Quando A VOZ falou, dei-me por conta que estava na frente de companheiros de batalha, pessoas que comandei em lutas do passado, e pelo jeito tínhamos perdido, ou eles haviam morrido e ainda estavam perdidos no astral. Nessa noite eu era a ligação deles com a mudança, tinha chegado à hora. Antes de qualquer coisa tinha que estar concentrado, não importava a história de cada um, o que importava era o entendimento sob o prisma emocional, mas no astral é impossível nos esconder emocionalmente, por isso entender é fundamental, sem ele o descontrole toma conta, e aí é o fim. Todos tinham quase veneração por mim, mas também se sentiam traídos por ter me seguido cegamente, e agora eu era o culpado por todas suas desgraças. Contradição total, amor e ódio no mesmo instante, algo muito peculiar.
Consegui manter o entendimento e assim controlar um pouco a situação, mas o caos continuava, agressão com respeito, revolta com carinho, muita confusão. Até que consegui gritar com toda a força que tinha em meus pulmões: “ÓDIO NÃO É JUSTIÇA, PAIXÃO NÃO É AMOR, ATÉ QUANDO VOCÊS ME COBRARAM?” Silencio se fez. Minha relação com todos realmente é forte, pois todos pararam de reclamar.
Mais uma vez A VOZ interfere e diz: “irmãos, é chegada à hora de deporem suas armas; a luta terminou, essa é a oportunidade de redenção de cada um”. Depois disso, despertei com um sentimento de saudade daqueles “ogros”, revoltados de toda ordem, reclamadores compulsivos, companheiros de batalhas. Com certeza amo todos eles. Obrigado!
Uma constatação estranha da noite: não sei onde começa meu livre-arbítrio. Sou “punido” por quê? Às vezes acho que estou fazendo o melhor ou a obrigação do momento, e mesmo assim erro? Amo todos os guerreiros que conversaram comigo, o que fiz para tamanha cobrança? Eu os magoei, ou eles se automagoaram? De quem é a culpa dessa merda toda? A maioria das minhas decisões é “inconsciente”, então como criar um parâmetro de certo ou errado? Alguém sabe? Das decisões que acho que são conscientes assumo a responsabilidade, e quem assume das inconscientes? Deus? Aonde começa nosso livre-arbítrio, no consciente ou no inconsciente?
Hoje penso que na maioria das vezes achamos que estamos fazendo o bem para quem amamos e não é bem assim. É muito mais complexo. Nesse caso de FOGO AMIGO com certeza senti toda a cobrança, ódio, repulsa de quem de alguma forma gostava muito de mim, como disse quase me venerava como um Deus. Minha limitação ficou clara, no fim quando gritei foi para dizer que amava todos apesar das criticas e cobranças o resto era besteira. Não sei se fui entendido, e agradeço A VOZ pelo auxilio, senão essa vivência seria muito mais curta, e não teria sido escrita.
Uma vivência interessante onde às cobranças nasceram do lado de meus antigos “aliados”, esse fato expôs minha falta de entendimento e deixou-me confuso frente à vida. Quando li essa frase O QUE FIZEMOS POR NÓS MORRE CONOSCO, O FAZEMOS PELOS OUTROS É IMORTAL, pensei em coisas boas, e como ficam as ruins? E aquelas que achamos que estamos ajudando e a outra pessoa não pensa assim? E quando estamos fazendo nosso melhor, e isso não o bastante? Tudo é UMA QUESTÃO DE INTERPRETAÇÃO? E quem disse que sabemos interpretar? Essas e outras questões me levaram ao limite de meu entendimento sobre minha essência, e o complexo mundo da inconsciência. Confesso que não tenho nenhuma resposta; preciso ficar quieto no meu canto, e meditar.
A única coisa que posso dizer com certeza é que existe uma emoção que em todas as vivências me confortaram muito, e dessa vez foi avassaladora quando A VOZ se fez presente: O AMOR.
Amo todos vocês!
[LUIS]
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