O círculo vicioso da raiva
Você certamente já experimentou estados emocionais de intenso amor e intensa raiva, mas já parou para identificar energeticamente esses estados? Já parou para refletir, conscientemente, e se entregou a essas emoções e percebeu a enorme diferença entre esses dois estados?
O amor nos aquece, literalmente aquece nossos corações, sentimos um agradável calor fisicamente, esquentando nosso peito, além de certa emoção percorrendo nosso corpo. O amor nos traz sentimentos de expansão, de pulsação, nossa respiração torna-se mais plena, completa, nossos movimentos mais suaves. Nossas sensações de bem estar se ampliam e passamos a nos expressar com maior fluidez.
Sentimos-nos movidos por dentro em direção à expressão desse amor e distribuímos, mesmo sem perceber, essa energia, onde quer que estejamos. Toda energia formada por sentimentos positivos, como o amor, a afeição, a simpatia, a onda energética que invade o corpo é descendente, ao contrário das energias desencadeadas por sentimentos negativos como o medo, a raiva, onde a onda energética é ascendente.
A raiva é uma emoção que, se bem direcionada, pode curar e restaurar nossa integridade emocional e física. Ele é uma emoção que carrega o corpo num movimento ascendente, que ativa todo o sistema nervoso simpático, nosso sistema de emergência.
A onda da raiva sobe pela espinha, passa pela nuca, nossos pêlos ficam arrepiados, e se ela for intensa, até nossas costas se arqueiam, como nos animais. Esses sentimentos passam pela cabeça, e é por isso que temos a sensação de estarmos perdendo a razão, desce pelos olhos que se enchem de sangue (por isso ficam vermelhos) passam pela boca e dentes e chegam aos braços.
Na maioria das vezes é melhor não responder a essas reações, a não ser que você esteja dentro de um consultório terapêutico. Esses sentimentos passam por vários estágios e, se não colocarmos um sério limite nessa onda negativa, eles se desencadeiam da seguinte maneira: aborrecimento ¿ irritação - raiva - ódio - fúria. Com o medo acontece a mesma coisa: apreensão - ansiedade - medo - pânico - terror.
A raiva e o medo são emoções que fazem parte da natureza humana, mas vale a pena tentar puxar o freio de mão, afinal de contas não podemos sair por aí depositando nossas frustrações em cima das pessoas.
Quando permitimos que a hostilidade se desenvolva sem limites em reações sem controle, ou pior, quando carregamos esses sentimentos no decorrer de nosso dia, geramos um círculo vicioso. Vamos pensar em um exemplo: Meu chefe briga comigo, fico enfurecida, mas não posso expressar esse sentimento. Fico de ¿cara fechada¿ durante todo o dia, trato mal meus colegas, que também se ressentem.
Vou para casa e encontro meu vizinho, que me diz um sonoro boa noite, mas não respondo. Entro em casa e meu marido me dá um beijo que recebo com frieza. Meu colega de trabalho, que ficou ressentido, vai para casa e briga no trânsito, meu vizinho no dia seguinte não me diz bom dia. Meu marido se fecha e resolve dormir mais cedo. Quando acorda, nem olha direito para mim.
Percebe o tamanho da história que criamos quando somos atingidos, normalmente em nossos egos inferiores? Criamos um círculo vicioso de sentimentos negativos que se espalham e reverberam. O decorrer do dia é prejudicado, bem como meu objetivo em construir uma vida mais feliz.
A tristeza, o ressentimento, a hostilidade e a frustração se instalam em meu coração, por que tenho uma armadilha engatilhada apenas esperando o comando para ser disparada, por que esse é um padrão que estabeleci muito cedo em minha vida. Se esse círculo for interrompido em um primeiro momento, muito carma pode ser evitado.
Pare por um momento e reflita sobre o mecanismo da raiva que traz dentro de você. A primeira atitude deve ser a conscientização de que ela está lá, que é só dar o comando para que ela se manifeste.
A segunda atitude é tentar, com muita sensibilidade, investigar a causa real que desencadeia a raiva em meu coração. Meu chefe gritou comigo por um erro que cometi. Me sinto com raiva, pelo erro ou pelo grito? Será que me permito errar? Em que tempo em minha vida fui tão cobrada a ponto de supor que o erro não faz parte da vida? Ou foi pelo grito? Por que me deixei contaminar por um estado de espírito em desequilíbrio, descontrolado, a ponto de entrar também nesse descontrole?
A raiva é um dos principais obstáculos à construção de nossa felicidade. Ela corrói nosso coração, nossa alma, nossa vida! Ela impede o desenvolvimento do amor, da bondade, da tolerância, da compaixão.
Para quem deseja sair da densidade dos sentimentos negativos e adentrar pela porta abençoada da espiritualidade, da alegria, da compaixão e felicidade, é preciso começar, lentamente, a desfazer esse padrão que se estabeleceu sabe-se lá há quantas vidas atrás, e começar a praticar, ou seja, a construir conscientemente sentimentos como o perdão, o amor, a compreensão, exercitando diariamente, da mesma maneira que exercitamos nossos músculos.
Você já parou para pensar que aquele que te faz sofrer é o que mais colabora com teu crescimento? É difícil aceitar isso, não é mesmo? Como podemos olhar para uma pessoa que nos trai e nos ofende e imaginar que essa mesma pessoa está contribuindo para o teu crescimento?
O Dalai Lama diz: "...na realidade, o inimigo é a condição necessária para a prática da paciência..." Mas pense bem: como você pode praticar a paciência, a tolerância, a compaixão, com pessoas que só lhe fazem o bem?
Somente as pessoas que não nos são tão simpáticas, e muitas vezes até hostis, nos dão a oportunidade de crescimento. A princípio é quase impossível adquirir essa postura diante da vida, mas com o passar do tempo, com o exercício diário da auto-consciência e conseqüente compreensão, somos dirigidos a um caminho carregado de bons sentimentos e da tão querida sensação de aquecimento de nossos corações.
[Eunice Ferrari — Psicóloga]
Sábio texto Eunice, espero que minha esposa leia, pois ela possui a mediunidade aflorada e não tem conhecimento espiritual suficiente para direcionar sentimentos como a raiva e outros, mas principalmente a raiva que está corroendo nossa relação, onde estudo formas de dominar a reciprocidade desse sentimento, consigo contornar e esperar os obssessores se afastarem, pois quando ela vai na nossa casa e trabalha, tudo passa, porém todo o final de semana se repete tal fato, segue esse relato como um desabafo e que sirva de aprendizado para algum irmão que esteja passando pela mesma situação, pois todos temos que ter resignação e paciência e não desistir de quem amamos.
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