quarta-feira, 7 de julho de 2010

FRIDA KAHLO

Frida nasceu inquieta e com uma missão concedida por Deus a poucos viventes: provocar as estruturas do mundo das artes e da sociedade de sua época.
Fora dos padrões de beleza, encantou homens e mulheres com sua sensualidade ácida e de frescor permanente, apesar do aleijão que a deformava. Fora dos padrões das escolas de pintura tradicionais, impactou o mundo das artes plásticas com seu traço pesado e taciturno, mas contundente nas cores; como se derramasse o arco-íris em suas telas, sem dó nem piedade. Fora do contexto das moçoilas de seu tempo, amou, desamou, foi usada e usou homens e mulheres, sempre com uma fúria incontida. Entregou-se à uma paixão desenfreada pelo seu companheiro, esposo e mentor artístico, o muralista Diego Rivera. Com ele foi do céu ao inferno sem etapas intermediárias. E, por fim, fora das expectativas de sua sociedade, ingressou no Partido Comunista com a mesma paixão que tinha pela vida.
Quando conheci sua biografia, foi amor à primeira leitura; pensei na atração que sempre me envolve as pessoas estigmatizadas de malucas; no amor que sinto pelos loucos e, acima de tudo nas mulheres que quebram todos os paradigmas de normalidade careta. Por isso amei Frida Kahlo, como se tivesse vivido em sua época e o que é mais gostoso: como se ela tivesse sido minha, ainda que em minha imaginação.
Nascida no dia 6 de julho, essa canceriana como eu, cultivou muitos sentimentos. O mais importante, no entanto, foi o ímpeto de viver. [Lineu Cotrim]
Ela nasceu Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón no dia 6 de julho de 1907, na casa de seus pais — conhecida como La Casa Azul (A Casa Azul) — em Coyoacán, cidadezinha dos arredores da cidade do México.

O pai, Guillermo Kahlo (1871-1941), nasceu Carl Wilhelm Kahlo, em Pforzheim Alemanha. A mãe, Matilde Calderón y Gonzalez, era uma católica devota de origem indígena e espanhola. Embora seu casamento tenha sido muito infeliz, Guillermo e Matilde tiveram quatro filhas, sendo Frida a terceira. Ela tinha duas meias irmãs mais velhas. Frida ressaltava que ela cresceu em um mundo cercado por mulheres. Durante a maior parte de sua vida, no entanto, Frida se manteve próxima a seu pai. Sua família continua tendo presença no mundo artístico até os tempos atuais; a atriz, escritora e cantora Dulce María é sua sobrinha-bisneta.
Em 1913, com seis anos, Frida contrai poliomielite, sendo esta a primeira de uma série de doenças, acidentes, lesões e operações que sofre ao longo de sua vida. A poliomielite deixa uma lesão no seu pé direito e, graças a isso, ganha o apelido Frida pata de palo (ou seja, Frida perna de pau). A partir disso, ela começou a usar calças e depois, longas e exóticas saias, que vieram a ser uma de suas marcas pessoais.
Ao contrário de muitos artistas, Frida não começou a pintar cedo. Embora o seu pai tivesse a pintura como um passatempo, ela não estava particularmente interessada na arte como uma carreira.
Entre 1922 e 1925 frequenta a Escola Nacional Preparatória do Distrito Federal do México e assiste a aulas de desenho e modelagem.
Em 1925, aos 18 anos aprende a técnica da gravura com Fernando Fernandez. Porém sofreu um grave acidente. Um bonde no qual viajava chocou-se com um trem. O pára-choque de um dos veículos perfurou as costas de Frida, atravessou sua pélvis e saiu por sua vagina. Tal acidente fez a artista ter de usar vários coletes ortopédicos de materiais diferentes, chegando inclusive a pintar alguns deles (por exemplo, o colete de gesso na tela intitulada "A Coluna Partida"). Por causa desta tragédia, fez várias cirurgias e ficou muito tempo acamada. Durante a sua longa convalescença, começou a pintar com uma caixa de tintas que pertenciam ao seu pai, e com um cavalete adaptado à cama.
Em 1928 quando Frida Kahlo entra no Partido comunista mexicano, ela conhece o muralista Diego Rivera, com quem se casa no ano seguinte. Sob a influência da obra do marido, adotou o emprego de zonas de cor amplas e simples num estilo propositadamente reconhecido como ingênuo. Procurou na sua arte afirmar a identidade nacional mexicana, por isso adotava com muita frequência temas do folclore e da arte popular do México.
Entre 1930 e 1933 passa a maior parte do tempo em Nova Iorque e Detroit com Rivera. Entre 1937 e 1939 Leon Trotski vive em sua casa de Coyoacan.
Em 1938 André Breton qualifica sua obra de surrealista em um ensaio que escreve para a exposição de Kahlo na galeria Julien Levy de Nova Iorque. Não obstante, ela mesma declara mais tarde: "pensavam que eu era uma surrealista, mas eu não era. Nunca pintei sonhos. Pintava a minha própria realidade".
Em 1939 expõe em Paris na galeria Renón et Colle. A partir de 1943 dá aulas na escola La Esmeralda, no D.F. (México).
Em 1953 a Galeria de Arte Contemporânea desta mesma cidade organiza uma importante exposição em sua honra.
Alguns de seus primeiros trabalhos incluem o "Auto-retrato em um vestido de veludo" (1926), "retrato de Miguel N. Lira" (1927), "retrato de Alicia Galant" (1927) e "retrato de minha irmã Christina" (1928) "A Casa Azul", residência de Frida e de seus familiares.

VIDA PESSOAL
Casa-se aos 21 anos com Diego Rivera, um casamento tumultuado, ambos tinham temperamentos fortes e casos extraconjugais. Kahlo que era bissexual esteve relacionada com Leon Trotski depois de separar-se de Diego. Rivera aceitava abertamente os relacionamentos de Kahlo com mulheres, embora não aceitasse seus casos com homens. Frida descobre que Rivera mantinha um relacionamento com sua irmã mais nova, Cristina que teve 6 filhos. Separam-se, mas em 1940 unem-se novamente, o segundo casamento foi tão tempestuoso quanto o primeiro. Durante o casamento, embora tenha engravidado mais de uma vez, nunca teve filhos, pois as sequelas do acidente a impossibilitaram de levar uma gestação até o final.
Depois de algumas tentativas de suicídio com facas e martelos, em 13 de julho de 1954, Frida Kahlo, que havia contraído uma forte pneumonia, foi encontrada morta. Seu atestado de óbito registra embolia pulmonar como a causa da morte. Mas não se descarta que ela tenha morrido de overdose, que pode ter sido acidental ou não. A última anotação em seu diário, que diz "Espero que minha partida seja feliz, e espero nunca mais regressar - Frida", permite a hipótese de suicídio.
Pesquisadores com base na autópsia de Frida acreditam ter sido envenenada por uma das amantes de seu então marido.
Diego Rivera descreveu em sua auto-biografia que o dia da morte de Frida foi o mais trágico de sua vida.

CASA AZUL, O MUSEU
Quatro anos após a sua morte, sua casa familiar conhecida como "Casa Azul" transforma-se no Museu Frida Kahlo. Frida Kahlo, reconhecida tanto por sua obra quanto por sua vida pessoal, ganha retrospectiva de suas obras, com objetos e documentos inéditos, além de fotografias, desenhos, vestidos e livros.

NA CULTURA POPULAR
No ano de 2002, sob a direção de Julie Taymor, foi lançado o filme Frida, que narra a história da pintora, interpretada pela atriz Salma Hayek. O longa metragem conta ainda com a presença de Alfred Molina, interpretando Diego Rivera.
Em 2008, a banda inglesa Coldplay lançou o álbum Viva la Vida or Death and All His Friends, cujo título é inspirado em um quadro de Frida, também intitulado "Viva La Vida" e que intitula também a principal canção do disco.
Segundo o vocalista Chris Martin, o título foi escolhido devido ao otimismo de Frida, mesmo com os percalços percorridos pela artista, ao exaltar a vida no referido quadro. Ela se vestia mediocremente com vestes de pobre, mesmo tendo uma quantia relativamente grande de dinheiro.

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