sexta-feira, 1 de outubro de 2010

CHORAR PODE NÃO SER TÃO SAUDÁVEL

Estudo alerta para a visão equivocada do choro como alívio

Popularmente, lágrimas são tidas como essenciais para superar sofrimento. Agora, alguns pesquisadores afirmam que o conhecimento psicológico comum sobre o choro – chorar como uma catarse saudável – é incompleto e equivocado.
Ter um "bom choro" pode e geralmente permite às pessoas recuperarem algum equilíbrio mental após uma perda. Porém, não é sempre que isso ocorre, nem com qualquer pessoa, argumenta um artigo analítico na edição atual do "Current Directions in Psychological Science".
Esse alerta para uma visão mais detalhada do choro deriva em parte de uma crítica feita a estudos anteriores. Assim como pesquisadores descobriram que as pessoas tendem, com o tempo, a se lembrar seletivamente dos melhores momentos de suas férias e esquecer as dores de cabeça, o choro também pode melhorar os ânimos ao relembrar o passado.
Considerado o fato de que a função social mais óbvia do choro é ganhar apoio e empatia, o impacto emocional das lágrimas depende em parte de quem está por perto e do que eles fazem. O estudo descobriu que chorar com apenas uma pessoa presente tinha significativamente mais probabilidade de produzir um efeito catártico do que fazê-lo diante de um grande grupo.
Terapeuta e professora em Berkeley, Califórnia, Judith Kay Nelson, argumenta que a experiência de chorar está enraizada na infância primária e na relação da pessoa com seus primeiros responsáveis, geralmente um dos pais.
Aquelas pessoas cujos pais foram atenciosos, confortando seu choro quando necessário, tendem a achar que o choro também as oferece consolo quando adultas. Já as que crescem sem a certeza de quando esse conforto estará disponível podem, quando adultas, ficar presas no que ela chama de choro de protesto – os berros desesperados da criança por alguém capaz de consertar o problema, reverter a perda.
"Você não consegue superar a tristeza se está preso no choro de protesto, que se trata de consertar, desfazer a perda", disse Nelson. "Na terapia, assim como em relacionamentos próximos, o choro de protesto é muito difícil de confortar, porque não podemos fazer nada certo, não podemos desfazer a perda. Por outro lado, o choro triste que é um apelo pelo conforto de um ser amado é um caminho para a proximidade e a recuperação"
[Lineu Cotrim]

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