sábado, 30 de outubro de 2010

ALEGRIA, UMA ENERGIA LIMPA


Quando penso em alegria - no sorriso e no riso - sou levado a associá-la à energia pura, geradora de força. Este conceito encontra respaldo bíblico que diz: "... portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força". O livro sagrado cristão aponta para o fato de que a alegria que expressa força tem sua fonte no Senhor, ou seja, em Deus, no Sagrado.
Nem toda alegria (sorrisos, risos ou gargalhadas) provém de energia limpa. É importante distinguir humorismo de bom humor. Nem todos os humoristas são bem humorados ainda que provoquem estrondosas gargalhadas. O humorista, para se firmar, geralmente fundamenta-se em preconceitos, desvalorização, humilhação, desconsideração, discriminação, o que mesmo gerando muitos risos e gargalhadas certamente não pode ser entendido como alegria sagrada, energia limpa. Na verdade, é até possível conhecer o caráter de alguém a partir do que o motiva a rir ou chorar.
O verdadeiro bom humor, a alegria no Senhor, que emana do que é sagrado, limpo e puro, caracteriza-se por atitudes otimistas e bondosas, capazes de levar a quem as sustenta a ver o lado alegre e bom das pessoas, das coisas e dos acontecimentos, criando e espargindo em derredor um riso franco, generoso e entusiasmado.
A alegria sagrada, esta energia limpa, é fruto da Luz, da liberdade, do amor, do Sol da alma. É fruto do Vento, ou como diz outro texto bíblico, é fruto do Espírito.
A pura energia da alegria leva-me a resgatar dos arquivos da memória as usinas eólicas que geram energia a partir da ação do vento; pura magia! Dos modernos painéis solares que, à semelhança de girassóis, acompanham o sol em seu cortejo real; pura mística! Faz-me lembrar dos automóveis elétricos, com seus designers futurísticos, a deslizarem silenciosos sem agredir a Natureza. No entanto, pensar na densa energia da tristeza me remete às estruturas agressivas, ameaçadoras, das plataformas de petróleo, das minas de carvão; constantes fontes de agressão e morte! Faz-me lembrar da fumaça escura e nociva, a surgir nas chaminés e nas descargas dos automóveis, que na sua maioria ainda se movem impulsionados por estas energias fósseis.
A energia pura vem de fontes puras como o Sol e o Vento, gerando força e movimento sem poluir, sem enfeiar a Terra. A energia da alegria, semelhantemente, emana do Vento do Espírito e do Sol da alma, ou seja, da essência divina presente em tudo e em todos, mas utilizada ainda por poucos.
Quando tristes, estamos produzindo e consumindo energia que polui a psique e o corpo, além de contaminar o ambiente relacional e planetário. Quando alegres, produzindo e consumindo energia limpa, que além de conferir força e movimento - livrando-nos da prostração - proporciona assepsia pessoal, relacional e planetária.
Atentar para a pureza psicossomática é tão importante quanto manter limpo o Planeta, até porque é impossível permanecer insensível em relação à Natureza externa quando cuidamos bem da Natureza interna. Assim sendo, é preciso ter consciência de que a tristeza é uma energia poluidora, com muitos resíduos tóxicos geradores de enfermidades psíquicas e somáticas, enquanto que a energia da alegria é limpa e gera saúde.
Precisamos ainda nos perceber como eficientes usinas ambulantes de reciclagem emocional. Independente do lixo emocional a que somos expostos cabe-nos, como filhos da Luz, assumir o desafio de transformar energias poluentes e nocivas, tais como o ódio e a tristeza, em energias limpas tais como o amor e a alegria.
No que tange ao efeito terapêutico da alegria, faremos bem em observar as seguintes orientações bíblicas: "O coração alegre aformoseia o rosto, mas com a tristeza do coração o espírito se abate. Todos os dias do aflito são maus, mas a alegria do coração é banquete contínuo. O coração alegre é bom remédio, mas o espírito abatido faz secar os ossos".
A plástica que a alegria proporciona ao rosto é de dar inveja a qualquer cirurgião plástico; e nenhuma cirurgia plástica estará completa sem o toque da alegria.
Para os que vivem sob a energia da tristeza, todos os dias são maus, entretanto, para os que se alimentam da alegria, todo dia é uma festa, o banquete é contínuo.
A energia da alegria é bom remédio, mas para quem vive sob a energia da tristeza, haja remédio...
Os efeitos terapêuticos da alegria - a terapia do riso - sua capacidade de tonificar a existência é, portanto, do conhecimento humano de longa data. Hipócrates, o Pai da Medicina, no século IV a.C. já utilizava animações e brincadeiras na recuperação dos pacientes.
Freud, em seu trabalho A Graça e suas Relações com o Inconsciente, escrito em 1916, já afirmava que uma cena cômica e o riso dela decorrente melhoravam a saúde física e mental.
Em 1987, Frans Alexander, do Instituto de Psicanálise de Chicago, concluiu em suas pesquisas que "o caráter liberador do riso é um meio de se extravasar as tensões e de se evitar as doenças psicossomáticas".
Na Alemanha, uma pesquisa feita pelo departamento de psicologia de Dusseldorf provou que "rir é tão bom para o organismo quanto praticar esportes".
Na França, Jeanne Louise Calment, falecida em 1997 aos 122 anos, afirmou que o segredo da longevidade é "sorrir sempre".
Infelizmente, mantemos uma herança cultural oriunda da crença que valoriza o sofrimento. Alimentamos constantemente tais padrões de pensamentos e sentimentos ao declarar: "a vida é dura", "é sofrendo que se aprende", "a vida não é um mar de rosas", e por ai vai... E vai mal quem por ai caminha. O resultado é um numero grande de pessoas de cara feia, cara amarrada, cara triste, cara de bravo, enfim cara de bobo. Tudo isso é energia poluidora que infecta a mente, o coração, a relação e o Planeta.
Resta lembrar que a energia da alegria está no Universo e em nós, que a vida é gerada em meio a uma explosão de amor, prazer e alegria. Que ser alegre é uma escolha pessoal e intransferível e que cada um é responsável por gerar a própria alegria.
As dificuldades enfrentadas com alegria enxotam os "urubus" da tristeza, mantém acesa a esperança, enchem de Vida a vida, é como expor o gelo ao sol...
[Oliveira Fidelis Filho]

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