O conhecimento e a experiência adquiridos não morrem com o corpo físico. O que ocorre com o espírito imortal, em nova jornada na matéria, é o esquecimento do passado, somente isso. O esquecimento, associado à percepção predominantemente materialista da vida e das sensações físicas que se enquadram em uma mente condicionada à rotina do cotidiano, fazem do indivíduo um alienado de sua própria capacidade de conhecimento e sabedoria.
Muitas vezes, fechado em um conjunto de crenças que o mantém com uma visão superficial de si mesmo e do mundo que o rodeia, o ser inteligente "percebe-se" ignorante, incapaz e completamente descrente em relação à sua capacidade de crescimento pessoal e consciencial.
Inferiorizado no seu sentimento em relação aos outros, sente-se pequeno e impotente para alavancar o seu próprio progresso. Não percebe que por mais simples que seja na hierarquia social ou intelectual, que carrega consigo um currículo de muitas vidas em que processou o seu aprendizado e acumulou, dessa forma, conhecimento.
Embora o aspecto da criança que nasce, seja de aparência frágil para despertar ternura e proteção por parte dos responsáveis, ela não nasce pura ou completamente ignorante. O espírito que reencarna não inicia do "zero" a sua nova caminhada. Na verdade, ele vem para mais uma prova, mas trazendo na sua bagagem, traços de caráter e o conhecimento pré-adquirido.
Portanto, sabemos muito mais do que imaginamos. Desempenhamos vários papéis no palco da vida, desde os mais simples aos mais sofisticados. Não somos um ponto de interrogação na complexidade da nossa existência. Muito pelo contrário, somos um livro aberto cheio de registros significativos que correspondem a cada capítulo de nossa longa história.
No entanto, apropriar-se do conhecimento pré-adquirido, não é uma tarefa simples, pois exige percepção apurada, aceitação de nossa natureza - e verdadeira identidade - espiritual, discernimento e a prática do bem no cotidiano da vida.
A vida, seguidamente, está a nos informar sobre as tendências que trazemos de vivências passadas. Porém, a agitação do dia-a-dia, somada ao conjunto de crenças e valores que nos acompanha, interferem na forma de nos percebermos na dinâmica vital.
Os talentos precoces, dotados de genialidade e envolvidos em um "mistério", ainda não decifrado pela ciência oficial, são conhecimentos pré-adquiridos que se misturam a novos conhecimentos adquiridos na vida atual, desencadeando, dessa forma, o fluir da criação nas artes ou nas invenções e novas descobertas na ciência.
Contudo, independentemente, da precocidade - ou genialidade -, se soubermos captar através da percepção suprasensorial, os insights de vidas passadas e as informações que nos chegam em sonhos por intermédio de auto-regressões parciais ou totais, contribuiremos, significativamente, com o nosso autoconhecimento e com o fluir do conhecimento pré-adquirido. É o que veremos a seguir, na descrição de um caso de regressão.
Simone, quando criança, sentia-se atraída pelas artes, especialmente a pintura. Cresceu, tornou-se artista plástica e professora de artes. Desde cedo encontrou muita facilidade para criar e projetar na tela a sua obra.
A mediunidade, que com o trabalho espírita equilibrou-se, era o canal por onde recebia através de sonhos e insights, informações sobre a sua vida passada.
Temperamento inquieto, questionadora, Simone queria investir mais em seu autoconhecimento. Por este motivo, associado à passagem de uma fase difícil em sua vida, ela procurou auxílio na Psicoterapia Interdimensional.
Após algumas sessões de psicoterapia da vida atual, fomos para a regressão de memória. Na experiência regressiva, logo Simone acessou a sua vivência passada, relatada com todos os detalhes de sua vida de jovem artista plástica envolvida em um movimento político na cidade de Veneza, Itália.
Durante a experiência, identifica muitos traços de temperamento, alguns de caráter e preferências que ainda a acompanham na vida atual: a inquietação, o senso crítico, o gosto pelas artes, a paixão pela criatividade, o senso de justiça, etc.
Percebe que o conhecimento pré-adquirido, principalmente no âmbito das artes, permanece com ela, somado ao conhecimento que está adquirindo na vida atual, ou seja, que a apropriação do "saber" é uma continuidade que a cada vivência do espírito imortal é incorporado ao conhecimento anterior. Embora, como registramos no início, exista a lei do esquecimento, mas que não interfere diretamente no conhecimento acumulado.
A partir do momento que tivermos convicção de quem fomos no remoto passado, muitas "fichas" começam a cair para que elaboremos um melhor nível de autoconhecimento. A comparação de quem fomos e o que somos, serve para avaliar o que precisamos mudar em termos de atitudes e responsabilidades diante da vida. Uma experiência regressiva que flui com a intensidade ideal, vale mais do que muitas sessões de psicoterapia, pois fornece à pessoa e ao processo terapêutico em si, valiosas informações que dificilmente vem à tona na psicoterapia de orientação tradicional.
A vida passada serve como parâmetro para avaliarmos a vida atual e processar internamente a gradual conscientização sobre a necessidade de alterarmos comportamentos de tendência repetitiva, além de informar através da revivência de situações específicas, que somos seres inteligentes e que sabemos mais do que pensamos ou imaginamos. Enfim, nesse sentido, a experiência regressiva serve para conscientizar que não somos "totalmente limitados" como podemos pensar ou parecer aos olhos do outro.
[Flávio Bastos]
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