A princípio porque pensamos que temos razão.
E se temos razão, como aceitar que a outra pessoa, muitas vezes alguém muito querido, ou alguém que temos profunda consideração tenha agido errado ou traído a nossa confiança?
Como aceitar a traição quando nos entregamos a uma relação?
Sim, porque traição não é apenas quando nosso parceiro sai com outra pessoa. Nos sentimos traídos quando esperamos uma atitude de um amigo, e ele não tem. Nos sentimos traídos por nosso chefe não reconhecer nossos esforços, ou quando não quando ganhamos aquilo que sentimos merecer.
Quando esse sentimento de traição vem forte dentro de nós, brigamos até com Deus porque esperamos mais da vida do que recebemos.
Costumamos sentir raiva das coisas que não dão certo, mas porque somos educados e aprendemos ser polidos socialmente, recusamos a raiva e escondemos esse sentimento dentro de nós. E, é claro, que a raiva é uma energia pesada, negativa e termina por funcionar em nosso organismo como uma sujeira que colocamos debaixo do tapete.
Helen veio procurar a Terapia de Vidas Passadas para ajudá-la no seu relacionamento com o pai. Morena alta, bonita, com mais de 40 anos, e dois casamentos, concluíra que não encontrava um parceiro porque não perdoou o seu pai por ter largado sua mãe quando ela ainda era uma criança. E apesar da mãe ter dado a volta por cima, e ter tocado a vida muito bem, inclusive com sucesso financeiro, ela não perdoou o pai.
As imagens de Vidas Passadas revelaram uma moça casada com um fazendeiro muito determinado e trabalhador, mas também muito controlador e exigente. O marido da minha cliente era perfeccionista e agressivo, principalmente, quando as coisas não aconteciam como ele queria. Ela foi se anulando, submetendo-se à vontade dele, mas internamente guardava muita raiva, sentia vontade de revidar, responder, brigar. No entanto, não fazia nada disso respeitando as convenções da época.
Assim, aceitou uma mudança de casa para perto de um caudaloso rio que cortava a propriedade. Um dia, choveu fortemente na cabeceira do rio e sua casa foi arrastada. Em decorrência disso, ela e os filhos morreram. No plano sutil, ela culpava o marido pelo ocorrido e gritava: "Você não vai poder trazer minha vida de volta!"
Nesse momento, os mentores mostraram que o seu pai nessa vida era o seu marido naquela ocasião...
"Ele trouxe minha vida de volta", disse ela aliviada no final da sessão.
Expliquei que foi importante que seu pai tivesse cumprido sua parte oferecendo novamente a vida para ela. Ficou claro também que fazia sentido até o fato dele ter se distanciado. Desse modo, ela e os irmãos, que foram seus filhos naquela vida, poderiam ser livres para se expressar, pois naquela existência o seu marido tinha impedido qualquer tipo de desenvolvimento.
Espero que essa história possa ajudar você, amigo leitor, a pensar que pode existir uma boa razão para as dificuldades que você enfrenta. Nem tudo é o que parece ser. Às vezes, nas coisas, aparentemente muito erradas, existe um fundo de necessidade e razão.
[Maria Silvia Orlovas]
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