quarta-feira, 5 de maio de 2010

QUANDO TUDO DÁ ERRADO...

Todos sabem que precisamos de otimismo, de fé, mas como conseguir alcançar um estado desses quando tudo dá errado? Foi o que me perguntou Natália uma jovem pediatra, casada pela segunda vez em vias de se separar.
Ela nem tinha olhos tristes nem nada que pudesse denunciar uma dor de cabeça constante e sua vontade de fugir da vida. Muito controlada e racional nem sabia ao certo o que veio fazer numa consulta em Terapia de Vidas Passadas.
A sessão mostrou uma moça abusada na guerra, um lugar cinza, sem esperança ou luz.
Naquela existência, perdera a família e sofrera terrivelmente. Uma energia que ela não conseguiu se libertar no presente, pois mesmo tendo nascido em Pernambuco numa família abastada resolveu estudar e fazer residência em São Paulo e ficou por aqui trabalhando até hoje e nem pensa em voltar.
Separou-se do seu núcleo familiar e perdeu o vínculo e já nem sente falta. Porém, isso não seria tão triste se por acaso ela tivesse conseguido construir relações afetivas e calorosas aqui, pois, afinal de contas, nem sempre os laços da carne trazem o conforto e o amparo que imaginamos que uma família deveria oferecer.
Mas afinal quem é que faz a família? Quem cuida desses laços e faz florescer o amor senão nós mesmos?
Essa moça se sentia totalmente vazia. Para ela a vida não tinha sentido e tudo estava dando errado. O casamento falido, cada um dormindo num quarto, o trabalho sem expectativas felizes; enfim, parecia que nada estava no seu lugar. Ela, uma moça bonita, nem enxergava mais sua beleza. Na verdade, sentia-se feia. E é claro que com tanta dor de cabeça quem consegue ver beleza, ou ser gentil com as pessoas?
Infelizmente, esse tipo de situação costuma ser muito mais comum do que gostaria de escrever aqui neste artigo e já percebi que normalmente as pessoas que estão enfrentando algo assim se culpam por sofrer, culpam-se por tudo ter dado errado e com esse comportamento acabam se fechando, isolando-se do convívio e, é claro, que com isso o casamento termina, os negócios não andam, a pessoa fica mal humorada, responde mal os outros.
Nessa hora, a única saída é dar um tempo. Tirar férias de si mesmo. Nem todos têm dinheiro para viajar ou podem se ausentar do trabalho, da rotina da casa etc, mas todos podem parar de pensar racionalmente em saídas mirabolantes. Às vezes, o mais difícil de um situação dessa é criar uma saída. E se não existe uma saída, então, o que nos resta fazer é aceitar. Deixar que as coisas sigam o seu rumo, e tentar arrumar um espaço para a mudança.
Pode ser que esse espaço seja todos os sábados pela manhã para uma caminhada num parque, ou ir visitar lugares que você ainda não conhece como museus, ou teatros da sua cidade. Pode ser que a sua cura seja caminhar descalço na praia, ou ainda aprender a cozinhar.
Amigo leitor, desacelere, procure ser feliz com pequenas coisas, deixe de esperar por uma saída perfeita. As coisas não vêm prontas. Se você levou dez anos para construir a sua história de hoje, para desfazer coisas erradas, é necessário dar um tempo, deixar fluir e abrir-se para o novo.
Se não estamos em paz com nossas idéias, a vida não nos trará soluções. Deixe de achar que você é o centro das ocorrências e você vai perceber que coisas muito boas podem chegar até você e aliviar o peso que você sente carregar em suas costas.
[Maria Silvia Orlovas]

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