terça-feira, 25 de maio de 2010

MEDO DE MUDAR

Por que as pessoas têm tanto medo da mudança? Será que é porque temem o fracasso? E por que seria que associamos a incerteza do futuro com algo negativo?
Tenho recebido muitas pessoas no meu espaço, em São Paulo, com este medo do futuro. Nem sempre as pessoas sabem do que têm medo e nem sempre vêm reclamando especificamente deste medo. Na maioria das vezes, estão tristes, ou sentem-se aprisionadas sem conseguir fazer algo novo em suas vidas.
Foi com estas reclamações que recebi, semana passada, Lucimara. Mulher bonita com mais de cinqüenta anos, com a pele bem cuidada e aparência de 40 anos, ela estava a um passo da depressão. Sua reclamação era não saber o que fazer de sua vida, assim justificava sua não-ação. Estava parada e sua energia também estava estagnada. Numa expectativa natural, ela procurava entender se tinha alguma energia intrusa, ou algum trabalho que fizeram para a vida dela não andar. Mas não havia nada disso. Assim que entrei em sintonia com a sua vibração, apareceu o aprisionamento, mas ela estava presa a si mesma. Com os filhos crescidos, um casado e o outro estudando fora do Brasil, ela sentia a síndrome do ninho vazio, e estava com medo de se deparar consigo mesma.
Formada em direito, sem nunca ter exercido a profissão, sempre dando apoio ao marido, não sabia mais se seria capaz de fazer algo diferente de sua vida e não queria errar. Criada numa família muito exigente, ela assumiu esta característica como sua e não se permitia o erro apesar de aceitar as falhas das pessoas.
Dona de um pensamento muito racional, ela também se atrapalhava porque quando ponderava e pensava sobre o resultado de suas iniciativas, logo chegava à conclusão de que não valia a pena nem tentar. Com isso, foi fechando suas portas, criando mais e mais obstáculos. Tinha tanto medo de lidar com coisas novas que nem queria mais rever suas histórias desta vida. Como veio de um meio humilde, tinha uma série de recalques em sua auto-estima, que disfarçou se prendendo a coisas materiais que, até então, trouxeram alegria, porém, não mais se satisfazia com aquilo que o dinheiro podia comprar.
Lucimara sofria por si mesma. A prisão estava dentro do seu mundo e não nas situações externas e, por incrível que pareça, a cura estava nela e justamente por isso deveria ser fácil, mas não era. Ela precisava dar um impulso em si mesma, mas estava muito difícil.
Casos como o dela, infelizmente, são comuns... As pessoas querem o remédio, a cura, mas muitas vezes têm medo de mudar, têm medo de rever suas apostas e criar desarmonia, desconstruir o ritmo do casamento. Mas nem sempre as mudanças trazem dor.
Amigo leitor, a mudança interna é como reformar uma casa, quando tiramos as coisas do lugar e quebramos as paredes fazemos isso porque sabemos que os ares irão se renovar e que, com isso, teremos mais espaço, mais luz. O impulso para acreditar na vida muitas vezes está no trabalho espiritual. Por isso, encontre o seu lugar, a sua prática, dedique-se, pois o novo pode ser bom. Muito bom.
[Maria Silvia Orlovas]

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