O mundo da mente é fascinante e ao mesmo tempo "assustador". A mente é divinamente criativa e certeira em suas decisões, escolhas, percepções, entendimento e discernimento, desde que esteja em concordância e alinhamento com nosso Eu Real, nossa divindade interna. Porém, isto é muito difícil de acontecer, pois ela não quer perder o poder para o Eu Real, ela se sente ameaçada pelo poder que Ele tem sobre ela, em verdade divina. Para não perder o controle, ela cria mecanismos de sabotagem e armadilhas na tentativa de nos desviar de nossas intenções de realizações que estejam alinhadas com o divino que há em nós.
A mente mente, é ardilosa, sorrateira e dissimulada. Enquanto somos totalmente inconscientes de nossa realidade divina, ela simplesmente comanda nossa vida e nem percebemos as escolhas e os caminhos aos quais ela nos conduz que, na grande maioria das vezes, nos levam a obter resultados nada satisfatórios. Mas, se nos prejudicamos com isso, por que permitimos que a mente nos conduza dessa forma? Na verdade, nós não permitimos, pois não temos consciência dos seus jogos e de suas intenções. E a mente não quer que nos prejudiquemos, claro que não, ela mesma acredita que está certa e que está nos levando para conquistar todos os nossos ideais. Então, nem mesmo nossa mente percebe que está nos destruindo, ela somente sente medo, por todas as crenças negativas que carregamos em nosso inconsciente, desde outras vidas e, inclusive, dentro de nossos traumas vividos nesta vida e reage a isso, na intenção de nos trazer satisfação, proteção e felicidade.
A mente, sem estar entregue ao Eu Real, nada sabe sobre o que é "certo ou errado, bom ou ruim" para nós, mas ela acredita que sabe.
O tempo todo ela está tentando encontrar meios e condições de nos levar a ter poder sobre os outros, sobre a própria vida e a conquistar tudo o que almejamos. Todos os caminhos que ela percorre, são a partir dessas intenções, porém, em sua ignorância, ela não percebe que está nos destruindo e quer acreditar que são os outros que estão fazendo isso. A cada fracasso em seus intentos, após o período de revolta, frustração e medo, ela retoma o poder e busca novas saídas e novas armadilhas para que aconteça exatamente aquilo que ela acredita ser o ideal para nós.
Como não temos consciência desse processo interno, estamos sempre acreditando que estamos fazendo tudo certo, que não estamos nos prejudicando ou aos outros e que dentro de nossas limitadas escolhas, conseguiremos alcançar nossos objetivos. Se nossos pensamentos são tão claros e lógicos a respeito de alguma situação ou escolha que queremos fazer, acreditamos que somos donos da verdade, e isto faz com que seja impossível percebermos as artimanhas da mente que, infelizmente, está tentando nos sabotar.
Eis aqui o problema. Acreditamos que nossa mente sabe tudo e que ela é confiável. Mas na verdade, ela é cheia de arrogância, prepotência e medos ocultos. Ela é teimosa e obstinada, o que faz com que não ceda e não perceba suas próprias limitações.
Desta forma, podemos compreender que devemos ficar muito atentos a nós mesmos, com nosso observador interno ativado, para que possamos nos perceber e detectar os momentos em que a mente está nos sabotando. Quanto mais nos observarmos, mais chances teremos de encontrar esses mecanismos e mais conseguiremos, com o tempo, nos entregarmos ao nosso Eu Real. Mas este é um processo de aprendizagem, não ocorrerá de um momento para o outro, pois a mente precisará ter um tempo para se acostumar ao novo, ao fato de que agora ela será observada e não poderá mais atuar de forma velada sem ser pega em flagrante. Isto trará mais medo e fará com que ela tenha que buscar novos meios de se defender e nos sabotar, pois os velhos métodos de sabotagem, nós já teremos descoberto e não a deixaremos atuar de forma livre e absoluta.
Neste momento, quando a mente começar a criar novos mecanismos de sabotagem, ela ainda conseguirá nos enganar. Isto ocorrerá porque, em alguns momentos, estaremos muito atentos a ela e buscando meios de estarmos muito alinhados ao nosso Eu Real, e perceberemos que ela estará até colaborando e trazendo progresso com isso, mas a mente, ardilosa como é, ficará pacientemente "fingindo que está apoiando o processo" o que nos fará baixar guarda e nos fará acreditar que finalmente ela se rendeu à nossa realidade divina. Mas é aqui que está o perigo: quando relaxamos e desviamos o foco dela, ela se aproveita e entra com um novo mecanismo de sabotagem, muitas vezes, inusitado. Ela se tornará cada vez mais articulada e esperta para nos enganar e nos sabotar.
Esta é uma verdade que precisamos aceitar. De nada adiantará, após esta descoberta, travarmos uma luta contra nossa mente. Isto só trará mais desequilíbrio. A mente deverá ser respeitada, compreendida e conduzida de forma amorosa e acolhedora, para que, aos poucos, consiga confiar em nosso Eu Real e, finalmente, se entregar.
Para modificarmos essa realidade, nosso grau de atenção e percepção, deverá aumentar e tornar-se mais aguçado, para que possamos descobrir e conhecer toda essa realidade interna na qual a mente, até então, atua de forma soberana. Com consciência e aceitação da verdade que viermos a encontrar, será possível encontrarmos o equilíbrio entre a mente criativa e nosso Eu Real.
Isto não é tão difícil quanto parece e se torna mais simples ainda, quando nos colocamos inteiros e firmes nesse caminho. Se quisermos, de verdade, nos libertarmos de nossas amarras internas que são criadas por nossa mente, precisaremos ter uma boa dose de boa vontade, paciência, disposição, determinação e coragem, pois este processo também nos ajudará a trazer à tona muitos de nossos aspectos negativos que até então estavam ocultos, e com os quais deveremos aprender a lidar e a aceitar. Porém, este é o único caminho que nos levará à verdadeira liberdade e a uma vida de realizações e satisfações: o caminho da autoconsciência e da auto-responsabilidade.
[Teresa Cristina Pascotto]
Nenhum comentário:
Postar um comentário