Todos os relacionamentos proporcionam oportunidades para o desenvolvimento pessoal. Eles oferecem os obstáculos e as recompensas, os altos e os baixos, a experiência da participação pessoal que nos mostra como nos conflitamos com nossa filosofia de vida quando temos de viver aquilo que pregamos.
Quando há carma envolvido, tendemos a sentir uma falta de controle sobre o modo de reagir a esses eventos. Uma pessoa pode ver-se atuando em desacordo com a própria índole quando está pondo em ação e corrigindo certas qualidades de uma vida pregressa relacionadas com uma personalidade com a qual já não está conscientemente familiarizada. Carmicamente, essas qualidades devem ser desenvolvidas para que o indivíduo aprimore o seu contato com a vida presente.
O relacionamento cármico assume o tom de cada indivíduo, ao passo que desfaz as ilusões do outro. Mediante esse processo, alcança-se uma nova consciência, e um senso de leveza e liberdade pode ser experimentado à medida que o ônus do peso cármico é aliviado. É interessante que, em geral, o modelo cármico só é compreendido com clareza, depois que se aprendeu uma lição!
Um indivíduo pode lutar com dificuldades num relacionamento durante meses ou anos sem sequer compreender a natureza dessa luta. Só quando a dificuldade subjacente vem à superfície e é resolvida é que o ônus cármico efetivamente se dissolve. A recompensa para esse trabalho duro é a compreensão, e ela vem depois que entendemos o elo que interliga o resíduo da vida passada e o agora.
O carma tende a exprimir-se através de uma enfiada de experiências semelhantes que se manifestam num período de anos. Quando estabelecemos um relacionamento, geralmente é porque inconscientemente vemos algo no outro indivíduo que pode nos ajudar a resolver um problema cármico. Em outras palavras, atraímos quem necessitamos, numa época da vida em que estamos prontos para compreender. Assim, o antigo adágio "quando o aluno está pronto, o mestre aparece" é realmente o tom característico da razão e do modo como ocorrem os relacionamentos cármicos.
Todos os relacionamentos contêm um potencial para o desenvolvimento espiritual. Esteja ou não o carma envolvido, há oportunidade para cada pessoa experimentar um relacionamento espiritual. A corrente de cada vida pode dar muitas voltas, mas está sempre fluindo. Em alguns pontos, a água é mais profunda; em outros ela é rasa. Por vezes, a água é escura; outras vezes, sua claridade é como as profundezas da própria alma pura. A água não pensa no que possa ganhar ou perder enquanto nutre o solo; ela simplesmente está lá.
Se pudermos aprender a nutrir os outros em vez de apenas apegar-nos a nós mesmos, poderemos navegar sobre o carma em vez de naufragar sobre ele. Sempre que o rio da vida muda de direção, também o barco do carma o fará; nunca lutando contra a correnteza, mas fluindo com ela rumo a seu destino eterno.
[Maria Isabel de Oliveira]
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