sexta-feira, 10 de junho de 2011

VIVER É INTENSIFICAR O AMOR

Poderíamos inverter o sentido das palavras do título deste artigo, que o seu significado permaneceria o mesmo: Amar é intensificar a vida!
Na escola da vida, os aprendizados a respeito do amor é a tarefa mais difícil para o ser imortal, porque exige o desapego do eu egóico nas relações consigo mesmo e nas relações com o outrem.
No palco da vida, ser mãe, pai, filho, irmão, amigo ou constituir família onde sobressaia a energia do amor nas relações interpessoais, é o maior desafio para o ser que reencarna para novas provas no cenário da existência.
Na experiência vital, amor e intensidade são combinações inseparáveis na senda do progresso. Se tivermos essa percepção e o foco direcionado para o bem daqueles quem amamos, já teremos aprendido algo significativo sobre o amor.
Outro teste difícil para o espírito é amar verdadeiramente a pessoa com que se divide sentimentos e emoções íntimas. E amar verdadeiramente significa abdicar do amor egóico, exclusivista, em detrimento de um amor expansivo, de efeito libertador para ambos.
O homem deve conscientizar-se de que "intensificar a vida" não é o mesmo que viver a vida intensamente como se cada minuto fosse o último de sua existência. Apressar a vida em benefício do prazer imediato e do gozo sem noção de limites é uma ilusão, pois os valores de que precisamos para assimilar o significado do amor, passam pela percepção -e apropriação- do que é eterno e não do que é efêmero em nossas vidas.
Nesses últimos anos de atendimento psicoterapêutico, tenho observado um crescente número de casos de desamor associado à depressão. Muitos desses casos são de pessoas adultas sintonizadas à fase infantil, onde a falta de amor de seus responsáveis na infância, deixou-lhes "vazios" que refletiram-se nas futuras relações afetivas, comprometendo a qualidade dos relacionamentos e abrindo "feridas" no âmbito das emoções e sentimentos.
A experiência da falta de amor na infância, funciona como o efeito da bola de neve, que quando mais rola mais aumenta de volume. E a conseqüência desse "efeito", verificamos mais tarde, quando o adulto torna-se um indivíduo inseguro e predisposto a decepções no âmbito dos relacionamentos afetivos.
O indivíduo intenso no amor é aquele que aprendeu entre erros e acertos, a importância dessa energia, a começar pela responsabilidade no papel de mãe ou pai que a vida lhe atribuiu. A partir desse aprendizado, a experiência do amor torna-se mais sutil, menos densa e materializada no sentido das exigências do ego.
Por isso, à medida que o espírito reencarnado se desapega do ego primitivo, percebe que amar é intensificar a vida ou viver é intensificar o amor experenciado de uma forma menos densa na realização de ambições e desejos, e mais lúcida em relação ao seu transcendente significado.
O perdão talvez seja uma das melhores opções de recomeçar o aprendizado do ponto em que erramos, porque a vida não é um fim em si e, sim, um recomeço em que teremos a oportunidade de recuperar a lição não aprendida no passado.
A culpa mantém o indivíduo na sintonia do pretérito, o autoperdão e o perdão, ao contrário, possui a característica de libertá-lo da sintonia que tantos males causou a si próprio.
Se procuramos a psicoterapia interdimensional como um meio de auxílio, o ideal é que nos apresentemos com a expectativa voltada para a possibilidade de renovação interior. Caso contrário, estaremos reproduzindo padrões de comportamento que nos cegam para a inerente capacidade humana de expansão da consciência.
Nesse sentido, a ansiedade e o imediatismo são os maiores inimigos do homem moderno, pois além de acelerar o ritmo de vida, turva a visão para a direção de sua natureza transcendental, condicionando o seu olhar para os acontecimentos da dimensão material.
Portanto, o resgate do indivíduo diante de um conjunto de relações interdimensionais que constitui a sua vida, é o que garante a psicoterapia interdimensional, seja através da memorização de experiências psiquicamente traumáticas ou do despertar de valores que contribuem para uma melhor compreensão do significado do amor e da vida.
Somos uma síntese de experiências bem ou mal sucedidas no âmbito do amor. Essa "síntese", geralmente, tende ao desequilíbrio de forças internas que se manifestam nos campos psíquico e físico em forma de patologias. Porém, é na combinação de fatores como o auxílio terapêutico e a vontade de se ajudar que o indivíduo penetra no labirinto de si mesmo para retornar como uma pessoa livre de sentimentos que o prendiam ao passado.
O autoconhecimento sem a ressignificação do amor na experiência vital, é como adquirir terras para o plantio e verificar depois que o solo é infértil e impróprio para o cultivo...
A psicoterapia interdimensional, além de ressignificar o amor na vida da pessoa, prepara o "terreno" para novas semeaduras no fértil campo das relações afetivas estáveis.
[Flávio Bastos] — www.flaviobastos.com

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