quarta-feira, 6 de julho de 2011

EM BUSCA DA MENTE SERENA

"Penso noventa e nove vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio e eis que a verdade se me revela". (Albert Einstein)

Segundo os dicionários, a ausência de barulho chama-se "silêncio", que significa paz, sossego, calma, quietude, tranquilidade. Tranquilidade, por sua vez, é sinônimo de serenidade. Dessa forma, fecha-se um círculo imaginário de conceitos afins que sintetizam uma pequena parcela da experiência humana sobre a face da Terra.
No entanto, a experiência relacionada ao silêncio não foi suficiente para despertar no homem o seu profundo significado ainda desconhecido para a maioria da população terrestre.
Confundido com inércia, solidão, escuridão, isolamento, entre outros conceitos afins, o homem de todos os tempos demonstrou medo de envolver-se naquilo que subjetivamente ele considera as "armadilhas" do silêncio, preferindo preencher a sua mente com os afazeres do dia em convívio com os ruídos que emanam do burburinho humano.
O homem civilizado, morador de grandes centros urbanos, sabe muito bem o que é viver rodeado de barulho por todos os lados. Essa condição encontra-se incorporada ao seu modus vivendi, influenciando nas relações familiares, sociais e profissionais.
Com a inexperiência na relação com o silêncio, o homem moderno perde em qualidade de vida, pois perde uma ótima oportunidade de investir em si mesmo através do autoconhecimento.
Nesse sentido, por ser inadaptado à ausência de barulho, o homem ocidental não se sente à vontade quando tem a oportunidade de voltar-se para si mesmo e estabelecer contato com a sua natureza transcendental.
O medo do silêncio, inconscientemente associado à morte, cria um tabu difícil de ser apagado do inconsciente coletivo, fazendo do cidadão urbano um dependente psíquico do barulho.
Contudo, não há condicionamento que seja eterno, pois a história da humanidade é repleta de transformações e mudanças nas áreas do conhecimento e do comportamento.
A ciência, por exemplo, já admite a influência da prece e da meditação na recuperação de pacientes em tratamento médico. A espiritualização do indivíduo, baseada em práticas que exigem a introspecção e o silêncio como forma de conectar-se às dimensões mais elevadas de nossa consciência, começa a ganhar adeptos também no mundo ocidental.
Aos poucos, o homem do terceiro milênio, desprende-se do medo de encontrar no silêncio as suas próprias verdades. De inimigo oculto que se escondia nas sombras de uma dimensão desconhecida, o silêncio surge para fazer parte da vida do homem moderno como uma necessidade inquestionável.
Da mesma foma que as pessoas falantes ou os aparelhos de televisão e rádio comunicam, o silêncio também comunica. Basta estarmos perceptivos e receptivos ao seu contato que requer uma mente quieta para elaborar as sutis informações que recebemos de outras dimensões da natureza humana.
Quando elevamos a nossa sintonia através da energia amorosa que constrói, cura e liberta, o resultado dessa atitude consciente torna-se terapêutico e de efeito relaxante.
A terapia do silêncio é milenar, e os orientais sabem disso, tanto que até hoje a meditação é muito difundida entre eles. Cabe ao homem ocidental seguir o exemplo oriental adaptado ao século 21. A terapia do silêncio ensina-nos a ser mais humildes, tolerantes e verdadeiros uns com os outros, enquanto a convivência com o barulho, o frenético rítmo do cotidiano e a competitividade, influencia-nos a ser mais espertos, intolerantes e dissimulados nas relações interpessoais.
A mente serena, mesmo em meio a agitação do mundo moderno é indicativo de saúde integral, onde a espiritualização ocupa o seu espaço e qualifica a existência humana através do silêncio como inestimável aprendizado para a vida.
[Flávio Bastos] — www.flaviobastos.com

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